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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Hotel Urbano rumo ao topo

Como o site brasileiro tirou o Decolar da liderança de audiência no setor online de turismo e agora se prepara para enfrentar a CVC

Por Bruno GALO

 
O Hotel Urbano foi fundado, em janeiro de 2011, como um site de compras coletivas com foco em turismo, segmento praticamente inexplorado na época. Em pouco tempo, as grandes empresas de cupons de desconto, como Peixe Urbano e Groupon, farejaram que a venda de pacotes de viagem e reserva de hotéis com preços promocionais poderia ser um nicho promissor e reforçaram investimentos nessa área, que movimentou cerca de R$ 300 milhões em 2011, de acordo com a consultoria e-Bits – a expectativa é de que esse número dobre este ano. Com o desembarque da concorrência, o Hotel Urbano resolveu, cinco meses depois de chegar ao mercado, atuar como uma agência online de viagens, mas sem abrir mão das ofertas. 

 
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Um hotel que decolou: os irmãos José Eduardo (à esq.) e João Ricardo, fundadores do Hotel Urbano.
 
Ao combinar os dois modelos, a empresa pavimentou o caminho para um crescimento meteórico, com faturamento estimado de R$ 100 milhões no primeiro ano. Ao mesmo tempo, atropelou, no final de 2011, o argentino Decolar, e se tornou o líder em audiência entre as agências online no País. Com uma expansão tão rápida em um período tão curto, os irmãos José Eduardo e João Ricardo Mendes, fundadores do Hotel Urbano, partem agora para um novo desafio. E não se trata de um plano comum, mas sim de uma investida nunca antes executada por uma companhia de comércio eletrônico no Brasil. O Hotel Urbano vai ingressar no varejo tradicional. A empresa planeja para o último trimestre deste ano a inauguração de uma loja-conceito em um grande shopping brasileiro. 
 
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Camanzano, do Decolar: "Brasil representa 50% da receita na região".
 
A cidade escolhida não é revelada, mas deverá ficar entre São Paulo e Rio de Janeiro. “Queremos eliminar qualquer tipo de barreira para as pessoas que têm receio de comprar pela web”, afirma José Eduardo. “Encaramos essa estratégia como uma forma de estar mais perto de nossos clientes.” Na loja do shopping, o cliente vai adquirir seu pacote de viagem seguindo o mesmo procedimento do site da companhia, com a diferença de que será auxiliado por um atendente. Ou seja, a intenção é usar a loja física como uma vitrine do site, colaborando para familiarizar o consumidor com a marca Hotel Urbano e o funcionamento do serviço. Ao ingressar no varejo convencional, o Hotel Urbano se coloca como um rival, entre outros, da CVC, a maior agência de viagens do Brasil. Os números sugerem que a briga vai ser boa.
 
Cerca de mil ofertas vão ao ar diariamente no Hotel Urbano, que soma mais de cinco milhões de usuários cadastrados, o dobro de passageiros embarcados pela CVC em 2011. Em termos de receita, a meta para 2012 é triplicar de tamanho e se aproximar dos R$ 300 milhões. Quando esse objetivo for alcançado, outro plano será colocado em prática: a internacionalização. “Em dois anos, estaremos em toda a América Latina, da Argentina ao México”, afirma José Eduardo. A batalha fora do País não deverá ser fácil. Um dos motivos é um velho conhecido, o Decolar, a maior agência online de turismo da América Latina, presente em mais de 20 países da região, fundada em 1999. “Será um processo desafiador, mas estamos construindo bases sólidas no Brasil que vão permitir e facilitar essa expansão”, diz José Eduardo.
 
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Como parte desse projeto, está em curso uma ampla reformulação da plataforma online. Independentemente da internacionalização, o Brasil deve permanecer como o mercado mais importante para o Hotel Urbano, a exemplo do que acontece com o rival Decolar. “A operação brasileira corresponde a cerca de 50% da receita total na região”, diz Alípio Camanzano, sócio do Decolar. A estratégia de internacionalização se dá num momento em que o Hotel Urbano reforçou seu caixa. DINHEIRO apurou que uma recente rodada de investimento do fundo americano Insight Ventures, que já fez aportes nas empresas digitais Twitter, Tumblr e Flipboard, entre outras, avaliou a start-up brasileira em quase R$ 500 milhões. 
 
E as perspectivas para o setor no Brasil não poderiam ser melhores. De acordo com o Conselho Mundial de Viagem e Turismo, o mercado de turismo movimentou R$ 130 bilhões no País em 2011. A expectativa é de que as vendas alcancem R$ 207 bilhões em 2021. Confirmadas as estimativas, o Brasil se tornará o quinto maior mercado no mundo, à frente da Espanha, depois da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. “O mercado de turismo e viagens brasileiro ainda está longe do seu limite de digitalização”, afirma Daniel Domeneghetti, da e-Consulting. “Se nos EUA cerca de 60% desse negócio já é digital, no Brasil não passa de 10%.” Como se vê, a viagem está apenas no começo.
 
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